Às 19 horas do último sábado (21/10), sob a estrutura de ferro e concreto do Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, a MovID estreou o filme “Sujeito”, primeiro documentário a entrar na lista de realizações da produtora. Com pouco mais de 34 minutos de duração, o média-metragem apresenta um dia na vida de Bárbara, Sales e Suzy, que moram, trabalham e circulam pelo Vale do Anhangabaú, onde está localizado o Viaduto do Chá. Embora não se conheçam e suas rotinas não se cruzem, as três personagens do filme existem em um mesmo macro cenário – o Anhangabaú –, e por isso acabam se “encontrando” nas dores e prazeres comuns daquela região da cidade.
Um quarto “Sujeito” do filme é o próprio Vale, com seus monumentos, escadarias, fontes secas, edifícios, chão de pedra portuguesa, pixos e bares captados pela câmera observadora de Ivo Duran, diretor de fotografia do filme. A câmera de Ivo registra não só a existência de um Vale que se coloca ao público de forma imponente e impessoal, como também de um Vale familiar nos detalhes e submisso à passagem do tempo – submissão perceptível na luz natural que vai morrendo ao longo do filme conforme o dia cai, apagando os contornos do Anhangabaú.
“Sujeito” está sendo lançado hoje para exibição online e download gratuito. O lançamento sob o Viaduto do Chá foi viabilizado pelo produtor cultural e cientista social Márcio Black, do Coletivo Sistema Negro, pelo fotógrafo Paulo Pereira, pelo Condomínio Cultural e pela CAUS – Comunidade Alternativa Urbana Sensual.
Desafios
O documentário produzido pela MovID nasceu de um convite feito ao seu diretor pela jornalista Sabrina Duran, que desde 2013 investiga processos de especulação imobiliária no centro da capital paulista e os impactos desses processos sobre populações vulneráveis vinculadas àquela região da cidade.
O convite representou um desafio para a MovID: especializada em registros de shows, festivais, na realização de vídeos institucionais, videoclipes e outros formatos comerciais que contam, quase sempre, com condições planejadas de iluminação, áudio e com a atuação roteirizada das personagens, a produtora teve que lidar com o exato oposto disso na captação de “Sujeito”.
Apesar de pesquisas prévias terem sido feitas com os entrevistados e nos ambientes em que circulam, era fundamental que nos dias de gravação a câmera fosse estritamente passiva e observadora, acompanhando e adaptando-se à vida real de cada personagem sem impor qualquer condição técnica ou roteiro, interferindo minimamente nas rotinas dos entrevistados. Com isso, ajustes de áudio, iluminação, posicionamento e movimento de câmera ficaram a cargo da capacidade de adaptação e improviso do diretor de fotografia frente à imprevisibilidade das cenas.
Gravado entre fevereiro e abril de 2015, “Sujeito” só foi editado entre agosto e outubro desse ano em função das intempéries comuns aos projetos independentes, como falta de recursos e de tempo – o filme foi viabilizado por meio de financiamento coletivo, e contou com a participação das produtoras Marcela Biagigo e Georgia Martins, além de Cínthia Santana e Bruno Fernandes, ambos fotógrafos. A edição, montagem e finalização do média-metragem é de Caio Carvalhar, e os letterings de Felipe Lanzoni, ambos da MovID.
Para saber mais, acesse o site oficial do documentário: www.docsujeito.com.br
Ficha Técnica
Direção
Sabrina Duran
Pesquisa, produção, entrevistas
Georgia Martins, Marcela Biagigo, Sabrina Duran
Roteiro
Sabrina Duran
Direção de fotografia
Ivo Duran
Edição
Caio Carvalhar
Sabrina Duran
Montagem e finalização
Caio Carvalhar
Fotografia still
Bruno Fernandes
Cínthia Santana
Letterings
Felipe Lanzoni
Realização
MovID Films